quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Primeira ação

É... voltei pra olhar meu blog... olhar minha última postagem... quando ainda realizava as etapas do concurso da Polícia Militar. Tempo esse de expectativas, de correria atrás de documentos...

Esses já são os últimos dias do terceiro mês do curso de formação de soldados da Polícia Militar. Esperava a farda somente depois de um bom tempo, no entanto, já recebemos... já estamos provando do peso que o simbolismo da mesma nos traz.
O dia de colocar a farda e nos apresentarmos na "Formatura de Fogo" (que marca o pagamento da farda aos alunos-soldados) foi de um sentimento inesperado. Um outro aluno-soldado que atualmente mora comigo estava presente no momento em que incorporei aquele símbolo que agora nos guiará na luta diária pela vida, porque afinal, a morte já nos pertence. Sentí o peso da responsabilidade, senti que a emoção também passou pelos olhos de meu companheiro. Não é brincadeira... mas é até "engraçado" o simples fato de vesti-la e todo o peso nela contido.

O militarismo trouxe à história brasileira um sentimento ao povo de que somos (nós policiais militares) pessoas truculentas, pessoas ríspidas... Cultura trazida ao longo do tempo com a ditadura.
Não somos fatos do tempo, símbolos imóveis no tempo, construtores do passado. Somos pessoas que arriscam suas vidas em troca da sua, que almejam a prevenção e não apenas o combate aos crimes na sociedade. Somos "pessoas do bem, para o bem das pessoas".

Minha primeira ação, ainda que despercebida no começo, foi o de ajudar uma moça a atravessar na faixa com seu carrinho de bebê. Saí do CFSd fardado e, ao ir em direção à faixa de pedestres, vi essa moça fazendo um movimento com as mãos pedindo para que parassem. Não o faziam.
A figura de autoridade, então, faz o trabalho que as consciências humanas (e digo de boa parte da sociedade) deveriam fazer, mas não fazem... respeitar as figuras que desempenhamos ao longo de cada dia.

Ergui o braço pedindo que parassem. Pergunto... pararam? Claro que sim. Precisam de um SUPEREGO externo pra impor o respeito com o outro e também as regras estabelecidas pela sociedade. Atravessamos, eu, ela e seu bebê. O agradecimento em seguida veio com uma súbita consciência de que eu estava fardado e que alí havia exercido minha primeira ação como policial militar. O dia foi ganho e, se em pelo menos 1% de cada "ocorrência" futura receber um elogio ou um obrigado, sei que valeu a pena cada minuto do que passei, passo e passarei na vida. São atitudes pequenas como essa, gestos simples, que transformam nossos dias em dias melhores.

O futuro profissional está aí, batendo à porta, e assim espero que ao final de 8 meses (ou um pouco mais) de curso eu venha escrever novamente sobre minha formatura...

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