quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Metáforas de um gladiador

Jogado entre corpos putrefatos, um sopro de ar o faz renascer. Abre os olhos, como se nunca tivesse enxergado, com dificuldade. Suas mãos e braços buscam energia para erguer a armadura pesada que carrega junto a seu corpo. Erguendo-se na guerra em princípio findada, olha no horizonte e percebe-se único. Todos iguais. Ele... único, só.
Estático, pensante, levanta sua espada apontando-a ao infinito, como se a guerra não houvesse acabado. 
Caminha a passos lentos, mancando, deixando o tempo curá-lo das feridas. Vai ficando mais forte, aprendendo com a batalha que quase o derrotou. Um gladiador nato não deixaria sua vida esvair-se desse modo.
As proteções de sua carne se refazem. Não é mais armadura, é aço que faz parte de seu corpo. Mais voraz, mais determinado, alimenta-se do próprio desejo de novas conquistas. Consome-se em ciclo de libido auto-alimentando seu sistema. Independente e liberto voltará a integrar um exército, um novo exército, mas manterá suas glórias, focado.

"Si vis pacem, para bellum."

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Esvaziar-se.

E sob o sol escaldante de um verão rígido, ele aproveita as férias em sua piscina. Mergulha em pensamentos e descobre a nobre arte de meditar. Redescobre o quão importante é encontrar-se consigo mesmo e esquecer por alguns segundos eternos o mundo que o cerca. Anula sons, gostos e cheiros debaixo d'água e enfim, esvazia-se. Deixa cada pedaço do Tetris encaixar-se nos seus respectivos lugares.
É questão de tempo até que o sistema esteja completo, delineado, e objetivado.

 Ter seu tempo é necessário. Ainda que viva a doce ilusão de serem dois em apenas um, medite. Entre no constante conflito de teses acerca de si. 

Buscou palavras no sistema. Bloqueou algumas, deletou outras e, por fim, digitou novas palavras dando-as destaque em caixa alta. É assim que surge um objetivo. Em caixa alta. Mentalize, queira, escreva.
O planejamento vem em seguida. O "passo a passo" ganha vida e mostra a trilha a ser seguida.

Novos planos, novas metas, novos objetivos...

Em princípio, é hora de esvaziar-se.


sábado, 10 de janeiro de 2015

Segue

FAÇO DE MIM AÇO MOLDÁVEL
LÂMINA QUE QUEIMA
CORAÇÃO FUNCIONAL
 
 
 
É difícil reaprender. Aquela abertura deixou misturas.
 
Seguimos em terceira pessoa. Segue em terceira pessoa.
Agora é ele (eu), de novo. Suspenso no mundo por fios de aço, progride em sua caminhada ao "desconhecido" por meio de degraus únicos e singulares que o movem numa travessia onde se têm apenas duas placas. Coloca uma à sua frente, recolhe a de trás e assim por diante. Como num jogo/brincadeira. Determina seu objetivo, calcula seus passos, é refém das diversas estratégias. É obrigado.
Conquista, domina, progride. Seu objetivo não é mais aquele que quase o eliminou. Agora ele desafia, olha fundo nos olhos quando de necessidade e aplica suaves golpes de razão.
 
Como óleo virgem que limpa um sistema sujo, escorre por todo o caminho e encontra-se reformado pelas lembranças de um Eu passado.
É atual, é aço moldável, sua lâmina queima, seu coração é estruturalmente funcional. 

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O Palhaço

Desde então muita coisa mudou. Sou policial. Conseguí. Muito esforço, grande trajeto. Muitas conquistas capitais, muitas conquistas pessoais, algumas falsas conquistas.

A verdade é que... voltei. Infelizmente. Sou eu... o da dor de cabeça. Reprazer.

É narcísico, é frio, lógico, racional, resistente, inteligente, criativo dentro do mundo fútil que o cerca, é objetivo, gosta de brincar... com a vida. Tem pulsão de morte, adrenalina em picos, movido pela raiva, descarta outros sentimentos.
Tem reações ao próprio sistema em razão deste descarte, é claro... mas assim o equilíbrio, o padrão, a necessidade de um sistema não-falho acaba por se criar. A zona de conforto... melhor opção.

Medo? Não... o medo aparece na ausência do conhecimento do que não se havia percebido. Eu percebí. Atravessei o abismo. Atravessei para cair direto na boca da serpente. Agora levanto. "Volto às minhas coisas mesmas".

Linhas retas, e não curvas.

A verdade você descobre no seu dia a dia, descobre que ela é cruel. Mas continua em frente nesse palco da vida... atuando. Abram-se as cortinas, o palhaço chegou.