domingo, 30 de agosto de 2015

Seu show

Ela, cantora tímida.

Eu alí, sentado na mesa mais próxima. Observando tamanha beleza com uma taça de vinho na mão. É um espetáculo aos olhos de quem vê. Não é minha. Não há posse. Há admiração por sua habilidade vocal. É livre para aplausos e todo o resto que a ela se destina.

Aqueles olhos... aqueles olhos...

Cabelos escuros, curtos. Delicada.

O vinho está no fim. Suas canções parecem deslizar no ar. Quero que elas terminem. Quero sua voz junto ao meu ouvido, deslizando em sussurros...
Quero sua liberdade sendo minha. Quero que a minha seja sua. Quero sua boca.

Ela canta em tons suaves como sua roupa. Tudo parece suave.
Sentada num banco sob a luz do holofote, bebe seu tinto suave em doses que marcam levemente seus lábios.
Impossível não observar cada contorno de seu rosto, de sua boca, de seu nariz... quase como se estivesse tocando-a. Sentindo sua pele, vendo seus olhos se fechando e querendo repousar em minha mão. Abre-se um sorriso de conforto.

Nossos olhos se encontram a cada gole. Uma garrafa se foi. Olhares eternos e consumidores de desejo. Desejo de encontro de nossos corpos. Teu olhar, tudo o que preciso. Vem ser minha, deixa eu ser seu.

O espetáculo acabou. O espetáculo não acabou. Só está começando...

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